As questões ambientais dentro do conceito de ESG normalmente são mais evidentes e concretas. Isso porque elas envolvem tratamento adequado de resíduos, manejo de emissões de carbono, desenvolvimento de tecnologias mais “limpas” para produção e distribuição, por exemplo, todos pontos de fácil visualização.
Mas como observar e avaliar o comportamento social das companhias, representado pela maneira como tratam funcionários, fornecedores, clientes e as comunidades em seu entorno? Está nesse ponto um dos maiores desafios dos investimentos ESG.
“Capitalismo de stakeholders”
Embora menos tangível, a dimensão social do ESG é de extrema importância, destacam especialistas. Ela está inserida no modelo conhecido como “capitalismo de stakeholders” — essa expressão em inglês designa os públicos de interesse de uma empresa, num contraponto a “shareholders”, referente apenas aos acionistas.
O que se tem visto nesta segunda década do século 21 é um abandono da ideia, predominante nos últimos 50 anos, de que o principal objetivo de uma empresa é gerar lucro para seus acionistas. Esse “capitalismo de shareholders” foi fundamentado na visão do economista Milton Friedman, que apresentou essa teoria nos anos 1970. O conceito ficou conhecido como “doutrina Friedman”.
Essa dinâmica funcionou por algum tempo, mas parece não comportar mais as demandas contemporâneas.
Perda de credibilidade, uma ameaça
Assim, a emergência e a consolidação dos fatores ESG mostram que as companhias agora precisam estar plenamente engajadas em oferecer um tratamento adequado a todos os seus stakeholders.
Desvios de rota — como escândalos envolvendo fraudes e racismo ou questões de falta de diversidade entre os funcionários e o alto comando — podem representar enormes perdas em termos de reputação. E credibilidade, no capitalismo de stakeholder, é um dos ativos mais relevantes para as companhias.
Do ponto de vista social, a abordagem ESG evidencia a forte interdependência dos agentes e permite que o capitalismo continue gerando prosperidade, mas sem os efeitos negativos da ideia de que as empresas servem apenas para gerar lucros para os acionistas. Em outros termos: ajuda a diminuir riscos, a ampliar a quantidade de investidores e a reduzir o custo de capital das empresas.