A princípio, a ideia até poderia fazer sentido, já que o investidor trocaria uma aplicação que está rendendo menos por outra que parece mais vantajosa no curto prazo. O problema desse raciocínio, no entanto, está justamente no aspecto temporal: dizem os especialistas que os FIIs são um investimento com horizonte de longo prazo, como em geral são as aplicações em imóveis. O perfil do investidor de fundos imobiliários tem características típicas de longo prazo, período em que o investimento tem maiores chances de oferecer bons retornos. Enquanto “espera” a valorização das cotas na bolsa, o investidor vai recebendo mensalmente os dividendos, como receberia aluguéis se tivesse um imóvel alugado.
Trajetória da Selic
Também deve entrar na conta o fato de que a Selic mais alta no momento — fator que pode aumentar a atratividade dos títulos do Tesouro, por exemplo — é um fator circunstancial. Não faz parte dos prognósticos do mercado a possibilidade de a taxa voltar aos patamares estratosféricos do passado. Ou seja, ainda vale a interpretação de que a queda dos juros no Brasil nos últimos anos foi estrutural e veio para ficar. Apesar dos solavancos de curto prazo.
E, como alertou a planejadora financeira CFP Marcia Dessen em recente coluna no jornal Folha de S.Paulo, a precificação de títulos de renda fixa não é um tema de fácil compreensão, envolvendo pontos complexos como a marcação a mercado feita pelos gestores. Para quem se sente confortável investindo em imóveis via fundos, portanto, pode valer a pena esperar para avaliar melhor a situação do mercado antes de tomar uma decisão no calor do momento.