Na sexta-feira, 11/3, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro. A coleta de preços para o IPCA foi feita de 29/1 a 25/2. Assim, o índice praticamente não pega os efeitos da invasão russa iniciada em 24/2.
Até porque o índice mede a inflação no varejo e o primeiro impacto é no atacado. Por exemplo, o trigo usado como matéria-prima para macarrão, pão e biscoitos vendidos nos supermercados para as famílias brasileiras em 24 e 25 de fevereiro foi adquirido pelas fábricas desses produtos antes da invasão e da alta de preços que provocou. Também ainda não houve por aqui efeitos da alta do petróleo nos preços dos combustíveis. O último reajuste feito pela Petrobras foi em 11/1 quando o barril de petróleo do tipo Brent estava em US$ 83,72. Após a invasão, chegou a ser negociado próximo a US$ 140. O governo discute o que fazer para atenuar um repasse total.
O mundo espera alta de inflação com o conflito, e no Brasil não é diferente. O boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 7/3, mostrou que os analistas de mercado elevaram as projeções para a inflação deste ano e do próximo. Pela mediana, as projeções para o IPCA ao fim de 2022 passaram de 5,40%, ao tempo da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 1 e 2 de fevereiro para 5,65% na edição da Focus desta semana. As expectativas para 2023 subiram, respectivamente, de 3,50% para 3,51%. As previsões para a Selic no fim do ano estão em 12,25%.
Olhando para a alta de expectativas de inflação deste ano, sem dúvida, o quadro piorou e não recomenda alívio. No entanto, o Copom em sua reunião anterior já disse que 2023 está “em grau maior” em seu horizonte relevante para a convergência da inflação para as metas. Considerando essa mira principal na inflação de 2023 – cuja variação de projeções foi mínima – combinada a fatores como a falta de informação mais segura no IPCA sobre o impacto do conflito no varejo no Brasil, entre outros, o Copom poderá seguir o que já tinha dito em fevereiro: reduzir o ritmo de aumento da Selic para 1 p. p. na reunião da semana que vem.