Juros

Juros em alta por quanto tempo? Eis a questão

A inflação de 2022 ficará acima da meta e o ciclo de alta de juros será mais apertado do que previsto antes da guerra na Ucrânia, com o objetivo de buscar a meta em 2023. Quanto a isso, as projeções do mercado e do Comitê de Política Monetária (Copom) estão alinhadas. Mas a duração do ciclo é uma questão em aberto.

A pesquisa Focus, do Banco Central, divulgada nesta semana trouxe o ponto médio das projeções de mercado – há maiores e menores – para a taxa de juros básicos, a Selic, em 12,75% no fim de 2022, acima dos 12,25% esperados anteriormente, e em 8,75% ao final de 2023, um nível também maior que o previsto na última edição, que era de 8,25%. E este é o cenário de referência usado pelo Copom.

Mas há mais a considerar. Após ter decidido aumentar os juros básicos de 10,75% para 11,75% ao ano na reunião nesta quarta-feira, 16/4, o Copom anunciou que os 12,75% deverão ser fixados na sua próxima reunião em 3 e 4 de maio. E deu indicações de que o rumo da Selic, depois disso, dependerá da evolução dos acontecimentos.

“O Copom avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz o BC.

No mercado, há uma parte minoritária de economistas esperando juros básicos em dois dígitos até 2024, de acordo com pesquisa da Estadão/Broadcast publicada na segunda-feira, 14/3. Do outro lado, o Copom inovou na reunião concluída nesta quarta-feira, 16/3, ao, sem abandonar o cenário de referência, adotar também um outro, alternativo:

“Nesse cenário, considerado de maior probabilidade, adota-se a premissa na qual o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em US$ 100/barril e passando a aumentar dois por cento ao ano a partir de janeiro de 2023. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023”, diz o comunicado divulgado pelo BC, nesta quarta-feira, 16/3.

Ou seja, no cenário alternativo, que o Copom julga ser mais provável, a inflação de 2023 estará abaixo do centro da meta para o ano que vem, que é de 3,25%, e o Comitê informou que está olhando “principalmente” para 2023, o que pode permitir um alívio mais próximo. Já pelo cenário de referência, o Copom projeta IPCA em 7,1% em 2022 e 3,4% em 2023 e o mercado, de acordo com a Focus, espera 6,45% para 2022 e 3,70% para 2023, acima do centro da meta.

Com tantas incertezas no mundo, o uso de dois cenários e em ano eleitoral, o Copom tem suas razões para deixar abertas essas possibilidades. Os efeitos da guerra na Ucrânia e novos casos de Covid, com lockdown no polo industrial de Shenzen, na China, geram muitas incertezas e apontam em direções divergentes sobre o preço do petróleo, que, por isso mesmo, opera com grandes variações nos últimos dias, com o barril tendo caído para abaixo de US$ 100 na terça-feira, 15/3, após ter chegado perto de US$ 140, anteriormente.

Compartilhe

Blue Chip Talks

Conheça nosso canal no Youtube!

Menu