Cai intenção de investimento em condomínios logísticos

Ao fim do ano passado, a SiiLA (das iniciais de Sistema de Informação Imobiliária Latino-Americana) projetou um aumento de 3,7 milhões de metros quadrados (m2) em condomínios logísticos no Brasil em 2022. O número é mais de 1 milhão m2 acima do recorde anual até agora, de 2,6 milhões m2 em 2013, e bem acima também dos 2,2 milhões de m2 que entraram no mercado em 2021. Em entrevista ao blog do Blue Chip Talks, Giancarlo Nicastro, CEO da SiiLA, revelou que está revisando o número deste ano para baixo.

“Muita empresa nesses três primeiros meses sentiu o termômetro do que vai ser o ano e aí começa a segurar os projetos. Tenho certeza absoluta de que vai reduzir”, disse Nicastro na sexta-feira, 1º/4, ao blog do BC Talks, apenas um dia após o término do primeiro trimestre. Ele explica que a demanda por condomínios logísticos, galpões logísticos compartilhados por várias empresas e usados como ponto de parada de mercadorias prontas para a distribuição, depende da economia em geral, particularmente do consumo e do poder de compra da população.

No fim de 2021, quando as empresas prepararam suas intenções de investimento que serviram de base para a projeção de 3,7 milhões m2, o cenário macroeconômico era outro. Guerra na Ucrânia, inflação alta para a meta do Banco Central, surto da variante ômicron do coronavírus no início do ano e o consequente adiamento do Carnaval para este mês são alguns dos fatores que não eram esperados no fim do ano passado.

Além desses, 2022 é ano de eleição presidencial e Copa do Mundo, e a taxa básica de juros, a Selic, subiu muito num espaço relativamente curto de tempo. Passou de 2,00% em janeiro de 2021 para 11,75% em março deste ano, e o Comitê de Política Monetária (Copom) já adiantou que deve subir a Selic, atualmente em 11,75% para 12,75%, na sua próxima reunião, em maio.

Essa mudança nos juros não só tende a reduzir o consumo, ao encarecer compras financiadas, como também prejudicou, por exemplo, os investimentos em fundos imobiliários (FII) e certificados de recebíveis imobiliários (CRI). “Nos últimos anos, veio muito dinheiro para fundos imobiliários e CRI entregando de 7 a 10% ao ano”, observou Nicastro. Ele lembra que o investimento em títulos do governo, que no momento estão remunerando em quase 12% ao ano, é praticamente sem risco, o que dificulta a captação de recursos para o setor por FII e CRI.

De acordo com Nicastro, a revisão do projeto de condomínios logísticos a cada trimestre é uma prática comum. As empresas aprovam os projetos e vão sentindo o mercado. “Se tiver demanda, ela entrega e, se não tiver, recolhe”, explica Nicastro. Ele conta que isso é possível porque a fase de construção é relativamente rápida em relação a outros tipos de empreendimentos, levando cerca de seis meses para entregar uma nave de 50 mil m2.

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Blue Chip Talks

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