“Muita empresa nesses três primeiros meses sentiu o termômetro do que vai ser o ano e aí começa a segurar os projetos. Tenho certeza absoluta de que vai reduzir”, disse Nicastro na sexta-feira, 1º/4, ao blog do BC Talks, apenas um dia após o término do primeiro trimestre. Ele explica que a demanda por condomínios logísticos, galpões logísticos compartilhados por várias empresas e usados como ponto de parada de mercadorias prontas para a distribuição, depende da economia em geral, particularmente do consumo e do poder de compra da população.
No fim de 2021, quando as empresas prepararam suas intenções de investimento que serviram de base para a projeção de 3,7 milhões m2, o cenário macroeconômico era outro. Guerra na Ucrânia, inflação alta para a meta do Banco Central, surto da variante ômicron do coronavírus no início do ano e o consequente adiamento do Carnaval para este mês são alguns dos fatores que não eram esperados no fim do ano passado.
Além desses, 2022 é ano de eleição presidencial e Copa do Mundo, e a taxa básica de juros, a Selic, subiu muito num espaço relativamente curto de tempo. Passou de 2,00% em janeiro de 2021 para 11,75% em março deste ano, e o Comitê de Política Monetária (Copom) já adiantou que deve subir a Selic, atualmente em 11,75% para 12,75%, na sua próxima reunião, em maio.
Essa mudança nos juros não só tende a reduzir o consumo, ao encarecer compras financiadas, como também prejudicou, por exemplo, os investimentos em fundos imobiliários (FII) e certificados de recebíveis imobiliários (CRI). “Nos últimos anos, veio muito dinheiro para fundos imobiliários e CRI entregando de 7 a 10% ao ano”, observou Nicastro. Ele lembra que o investimento em títulos do governo, que no momento estão remunerando em quase 12% ao ano, é praticamente sem risco, o que dificulta a captação de recursos para o setor por FII e CRI.
De acordo com Nicastro, a revisão do projeto de condomínios logísticos a cada trimestre é uma prática comum. As empresas aprovam os projetos e vão sentindo o mercado. “Se tiver demanda, ela entrega e, se não tiver, recolhe”, explica Nicastro. Ele conta que isso é possível porque a fase de construção é relativamente rápida em relação a outros tipos de empreendimentos, levando cerca de seis meses para entregar uma nave de 50 mil m2.