Inflação

Com causas internacionais, inflação de março é histórica em diferentes países

A divulgação nos últimos dias da inflação ao consumidor de março mostrou altas impressionantes ao redor do mundo. Foi o primeiro período de mês inteiro após a invasão da Ucrânia pela Rússia na quinta-feira 24/2, penúltimo dia útil de fevereiro, que atingiu em cheio o preço de petróleo e gás, afetando também fertilizantes e alimentos como o trigo.

Março foi também o mês de aniversário de dois anos da declaração feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de que havia uma pandemia em curso. Os efeitos da Covid-19 e das medidas tomadas para evitá-la desorganizaram cadeias produtivas e até hoje oferta e demanda não se normalizaram totalmente no mundo, inclusive porque continuam ocorrendo surtos isolados, inclusive, no momento, com lockdown em Xangai, na China.

Com esses fatores, nos Estados Unidos o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) subiu 1,2% ante fevereiro e a comparação com março do ano passado mostrou uma inflação de 8,5%, a maior desde 1981, há 41 anos. Na Alemanha , a inflação foi de 7,3% na comparação anual, um recorde desde a reunificação do país em 1990. Na Argentina, o índice ao consumidor subiu 6,7% no mês passado, com alta de 55,1% ante março de 2021 e, apenas nos primeiros três meses deste ano, acumula 16,1%, a variação máxima naquele país para um 1° trimestre desde 1991.

No Brasil, por sua vez, o IPCA acumulou 11,3% em doze meses e atingiu 1,62%, a maior elevação para um mês de março desde 1994. É de se observar que isso foi antes da nossa atual moeda, o real, entrar em circulação, o que só ocorreu em 1º de julho daquele ano.

Em março de 1994 já havia a Unidade Real de Valor (URV), que cumpria uma das funções clássicas da moeda, a de unidade de conta, embora não fosse ainda um meio de troca, e só mudando de nome para real virou realmente uma moeda com todas as suas funções. Antes disso, o Brasil passou por muitos planos e trocas de moedas nos anos 1980 e 1990 no país, quando vivia uma das maiores hiperinflações do mundo.

Com os resultados de outros países, fica claro que a inflação atual tem principalmente componentes globais. Suas causas ultrapassam em muito a capacidade de influência do nosso Banco Central (BC). Mesmo assim, o BC do Brasil e os demais tendem a aumentar ainda mais seus juros buscando evitar que outros setores, domésticos, de cada economia passem eles mesmos futuramente a impulsionar a alta de preços.

 

Por Adriana Chiarini

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