Inflação|Juros

Até quando e até quanto a Selic subirá?

Juros sobem no Brasil e nos EUA com a escalada da inflação global. Por lá, é apenas o início da sequência de altas. E como fica o ciclo iniciado em 2021 no Brasil?

O Banco Central do Brasil e o Federal Reserve (Fed) subiram ontem suas taxas de juros. Uma das grandes diferenças é que lá nos Estados Unidos o ciclo de altas está apenas no início, enquanto aqui já houve um aumento de 10,75 pontos percentuais (p.p.) desde o começo da sequência de altas em março de 2021 e, mesmo assim, os juros estiveram negativos nos últimos 12 meses encerrados em meados de abril, como o último IPCA-15 evidenciou.

Mas quando o Comitê de Política Monetária (Copom) decide, ele olha para o futuro e os dados da inflação são referentes ao que já aconteceu. Até quando o Copom continuará subindo os juros? Depende dos resultados do IPCA, que surpreenderam a autoridade monetária, como admitiu o Copom em sua nota na quarta-feira, 4/5.

Também depende das expectativas do mercado para a inflação, que ultimamente só tem subido, para 2022 e 2023 também. O Copom mira hoje na inflação de 2023, cujo centro da meta é 3,25%. Na última pesquisa Focus, divulgada na segunda-feira, 2/5, o ponto médio das projeções de mercado é de que o IPCA totalizará 7,89% este ano e 4,10% no ano que vem, portanto, acima do centro da meta. As projeções do modelo do próprio Copom são menores: 7,3% para 2022 e 3,40% para 2023. Ambas também acima do centro da meta.

A inflação é global e é normal o Fed subir os juros também, mas o início do ciclo de alta dos juros americanos piora um pouco a situação do BC porque atua no sentido de reduzir a atratividade dos juros brasileiros aos investidores internacionais. Em tese isso tende a diminuir a quantidade de dólares que vem para o Brasil, o que, por sua vez, leva à valorização da moeda americana. E quando o valor do dólar sobe em relação ao real, como tem acontecido recentemente com o dólar voltando a valer mais de R$ 5, a inflação piora por aqui.

Com esses e outros fatores pesando, o Copom vê risco de “desancoragem das expectativas para prazos mais longos”, ou seja, inflação alta também a partir de 2024, e informou que considera apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando “significativamente” em território ainda mais contracionista.

Até quando e até quanto o Copom continuará a subir a Selic? As incertezas são grandes como ressalta a nota do Copom. Mas o fato é que o Copom avisou que os aumentos da taxa continuarão e a dose será menor que 1 ponto porcentual a partir da próxima reunião. Assim, indica que, pelo que viu do cenário nesta reunião, a Selic deve atingir pelo menos 13,25%, talvez mais que isso. Também disse que vai “perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.

Por Adriana Chiarini

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