Dólar

Invasão russa à Ucrânia interrompe queda do dólar e embaralha cenário

Até a quarta-feira 23/2, as indicações do mercado eram de que 2022 poderia ser um ano eleitoral diferente. Tanto a pesquisa Focus quanto o histórico de cotações do dólar apontavam que este ano não deveria ocorrer a tradicional alta da moeda americana em anos eleitorais. Com o ataque militar, o dólar subiu imediatamente na quinta-feira 23/2 ainda longe do nível do fim de 2021 quando estava em 5,57. Agora o que vai acontecer com o câmbio dependerá da extensão do conflito e das consequências que terá.

A pesquisa Focus, do Banco Central, da segunda-feira, 21/2, feita a partir das expectativas das instituições financeiras, mostra o ponto médio das previsões feitas pelo mercado passou a apontar o dólar em R$ 5,50 no fim de 2022, até um pouco abaixo da cotação de R$ 5,57 do fim de 2021.

A Focus também mostrou queda em relação às previsões da semana anterior (R$ 5,58) e a de 4 semanas antes (R$ 5,60). As previsões baixaram, em primeiro lugar, por causa do próprio histórico de cotações do dólar. Após atingir R$ 5,70 em 6/1, em meados de janeiro teve movimento consistente de queda nos fechamentos depois disso e no dia da divulgação da pesquisa em que fechou em R$ 5,0991. Na manhã da quarta-feira, 23/2, a cotação chegou a cair para abaixo de R$ 5,00, subindo em seguida. Mesmo assim, vale registrar que o último fechamento abaixo de R$ 5,00 foi em 29 de junho de 2021 (R$ 4,9210).

Diante do conflito, porém, investidores correm para o dólar e os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, considerados mais seguros. Mas também para commodities, produtos de baixa diferenciação cuja formação de preço é global, como o petróleo, que já subiu com a invasão da Ucrânia. A alta de commodities pode vir a beneficiar a entrada de divisas no Brasil, grande produtor e exportador desse tipo de produtos, tanto por exportações quanto por investimento em empresas brasileiras de commodities.

A cotação das moedas varia de acordo com o fluxo delas entre os países e suas moedas. A queda do dólar ainda predominante em 2022 na manhã da quinta-feira, 24/2, é reflexo da entrada de recursos do exterior pelas exportações e pelo aumento líquido de investimentos estrangeiros. O Brasil está com juros básicos de dois dígitos e uma bolsa com grandes empresas de commodities.

Vale lembrar sobre o fator eleitoral que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deu entrevista à Miriam Leitão na GloboNews, exibida no dia 14/2, em que ao ser perguntado sobre o ex-presidente Lula liderar intenções de voto segundo pesquisas eleitorais, disse que “o mercado passou a ser menos receoso em caso da passagem de um governo para o outro”. De acordo com Campos Neto, “nos preços de mercado, o que tem acontecido mais recentemente é uma eliminação de vários preços que mostram o risco da passagem de um governo para o outro. Mais recentemente, a gente vê, quando olha esses preços, que eles atenuaram. Caíram um pouco”. Um deles era o dólar.

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