Inflação|Juros

Com juros negativos e inflação em alta, Copom se reunirá semana que vem

A inflação está cada vez maior e os juros reais, que descontam a inflação da taxa nominal, estão negativos no Brasil. É o que mostra o IPCA-15 de abril, divulgado nesta quarta-feira, 27/4. Por este índice, com período de coleta entre o dia 16 de março e 15 de abril, a inflação ficou em 1,73%, acelerando em relação ao IPCA de março, acumulando 4,32% em 2022 e 12,03% em 12 meses, ou seja, acima da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 11,75%.

Juros negativos funcionam como um estímulo ao consumo e, consequentemente, à inflação. O poder de compra do dinheiro aplicado em títulos remunerados pela Selic nos últimos 12 meses, mesmo com os juros, é menor do que em abril de 2021.

Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) marcada para terça e quarta-feira da semana que vem, 3 e 4 de maio, não há dúvidas de que a Selic vai subir. O próprio BC já havia indicado na reunião de março uma elevação de mais um ponto percentual para 12,75% na reunião de maio.

Mas o BC está perdendo a corrida contra a inflação, os juros negativos realimentam o dragão. O mercado já esperava, antes do IPCA-15 deste mês sair, que o ciclo de alta de juros não termine em 12,75%.

Na sexta-feira passada, 22/4, o ponto médio das expectativas do mercado, segundo a pesquisa Focus do BC, era de que a Selic termine o ano maior do que isso, em 13,25% e ao fim de 2023 esteja em 9%, enquanto o IPCA feche 2022 em 7,25% e baixe para 4% em 2023. Todas essas projeções devem subir com os resultados do IPCA-15.

Uma boa parte dessa inflação vem de choque externo, contra o qual o BC não pode fazer nada. A alta dos juros busca evitar que a inflação se espalhe nos setores domésticos e permaneça alta quando o choque externo acabar.

A meta de inflação para este ano, com teto em 5%, já está perdida. O BC, por enquanto, tem focado na de 2023, que tem centro em 3,25%. O risco de deixar alta a parte da inflação atual que se tornará permanente recomenda que a política monetária seja ainda mais restritiva.

Vale notar que os níveis atuais de inflação se aproximam da época inicial de estabilização com o Plano Real, após a hiperinflação, mas ainda de grande combate contra a ameaça de volta a ela. O IPCA-15 deste mês foi o maior para abril desde 1995.

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